"Quanto mais pagamos, mais devemos", diz PCP

PS, PSD e CDS juntam-se nas críticas à proposta comunista para a renegociação da dívida, pedindo que o PCP esclareça que Europa quer e se é intenção do partido permanecer no euro.
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"Urge retirar Portugal da armadilha da dívida." Foi desta ideia que Paulo Sá (PCP) partiu esta quarta-feira para apresentar o projeto de resolução dos comunistas para a renegociação da dívida pública. Para o deputado "quanto mais pagamos, mais devemos", motivo pelo qual salientou, logo a abrir o debate na Assembleia da República, ser "cada vez mais evidente que a dívida portuguesa é insustentável".

Na resposta, houve um estranho consenso entre a maioria PSD/CDS e o PS, com as três bancadas a apontarem o dedo aos comunistas pelas suas posições sobre a Europa e sobre a defesa de que o País deve abandonar o euro. Nuno Serra (PSD) afirmou que a ideia do PCP é "empurrar com a barriga para a frente" o problema da dívida, questionando Paulo Sá: "Esta não é uma tentativa do PCP nos colocar à margem do euro, iniciativa, aliás, defendida pelo vosso candidato [João Ferreira] ao Parlamento Europeu?"

Telmo Correia (CDS) insistiu na tese - pediu aos comunistas que se assumam sobre a posição quanto à moeda única -, e apontou uma contradição no discurso do PCP: "Os senhores votaram, nesta Câmara, contra muitos orçamentos, mas sempre defendendo mais despesa pública, logo mais dívida pública. Reconheço a coerência do PCP, mas a persistência no erro não é necessariamente um mérito."

Já Eduardo Cabrita (PS) lamentou que ninguém da bancada comunista se tenha associado ao "Manifesto dos 70(+4)", que também faz a apologia da renegociação da dívida pública. E o parlamentar - que destacou, em contraponto, "a tradição europeia" dos socialistas - perguntou, num recado também às bancadas da maioria: "Qual é a sua participação naquilo que é hoje um grande consenso nacional de que a dívida só é sustentável com um programa de crescimento e emprego?"

Pelo BE, Mariana Mortágua recuperou a entrevista do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na véspera, para assinalar que para o Governo e para os grupos parlamentares que o suportam "é uma maçada, uma maçadoria falar na dívida" mas que "ignorá-la é uma irresponsabilidade".

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